Sobre a escolha do espaço para instalar uma clínica
A configuração do espaço
A configuração regular ou irregular do espaço poderá ter influência sobretudo no orçamento da obra. Por norma, um espaço regular (retangular, por exemplo) é mais otimizado e origina menos desperdícios de espaços “mortos” ou circulações, e portanto consegue-se obter mais valencias em menos espaço.
Em contrapartida, é frequente um espaço irregular fomentar a criatividade do projeto de arquitetura, inspirando clínicas originais e diferenciadas.
Esta é uma das questões mais importantes a ter em conta na escolha de um espaço para uma clínica.
A legislação atual impõe um pé-direito (altura do chão ao teto) mínimo de 3 metros nos locais de trabalho. Além disso, todas as clínicas modernas usam tetos falsos, sobre os quais passam cablagens elétricas, tubagens de água e ar condicionado, condutas de ventilação, e outras infraestruturas. É também frequente o uso de iluminação embutida no teto falso.
Por todas estas razões, deverá optar por um espaço que tenha um pé-direito superior aos 3 metros, preferencialmente não inferior a 3,30m.
Pé-direito (I)
Pé-direito (II)
Continuando neste tema, reiteramos que esta é uma das questões mais importantes a ter em conta na escolha de um espaço para uma clínica.
Na dica anterior, concluimos que o pé-direito (altura do chão ao teto) deverá obrigatoriamente ter um mínimo de 3 metros, e preferencialmente não ser inferior a 3,30m.
Falemos agora do impacto de eventuais vigas existentes no teto. Se o teto tiver vigas salientes e estas forem muito altas, poderão condicionar a passagem de tubagens, condutas, ou outras infraestruturas, obrigando o teto falso a descer de cota e a reduzir o pé-direito para valores não regulamentares.
Assim, se o espaço escolhido tiver vigas no teto, estas devem estar afastadas do pavimento pelo menos 2,70m.
Pé-direito (III)
Por vezes, quem vai montar a sua clínica escolhe um espaço com um pé-direito desmesuradamente alto, contando obter mais um piso com a introdução de uma laje intermédia.
Nestes casos, achamos por bem esclarecer que nem sempre isso é possível.
Senão vejamos: sendo o pé-direito mínimo para consultórios ou outras zonas de trabalho de 3 metros, teremos que considerar: 3 metros no piso inferior, mais 3 metros no piso superior, mais a espessura da laje (mínimo de 20 cm), mais 20 cm para um desejável teto falso no piso superior, tudo somado dará um pé-direito original do espaço de 6,40m. Ora isto é muito raro. Aparecem no mercado alguns espaços com pés-direitos a rondar os 5 metros, mas raramente mais do que isso.
No entanto, mesmo tendo em conta os condicionalismos atrás expostos, com um pé direito superior a 5,20m é possível inserir uma laje intermédia, alojar alguns compartimentos secundários e ainda obter belíssimos efeitos jogando com diferentes alturas nos tetos.
Há especialidades médicas onde a luz natural não é essencial. Por exemplo, as que trabalham com imagiologia.
No entanto, de uma maneira geral os consultórios e outros locais de trabalho devem dispôr de luz natural. Por isso, o espaço escolhido deve dispor de, pelo menos, duas fachadas envidraçadas, de modo a ser possível a introdução de luz natural nos locais onde ela é imprescindível.
Assim, quando procurar um espaço para a sua clínica, lembre-se, quanto mais luz, melhor.
Vãos e luz natural
Aproveitamento de materiais existentes
Quando se procura um espaço para uma nova clínica, é frequente encontrar tijoleiras, tetos falsos, material de iluminação, ou outros materiais e revestimento deixados pelos anteriores ocupantes do espaço. Na ânsia da redução dos custos de construção, há sempre uma forte tendência a considerar esses materiais como elementos a manter ou recuperar para a nova clínica. Só que, há que dizê-lo, na esmagadora maioria das vezes isso não é possível.
Senão vejamos: os materiais do pavimento dificilmente serão adequados à nova construção, quer pelas suas qualidades mecânicas, estéticas, ou até de assepsia, quer ainda pelo facto de que, durante a construção, é necessário abrir rasgos no pavimento para passagem de tubagens diversas, o que necessariamente implica a destruição de boa parte do pavimento.
Com os tetos falsos e a iluminação passa-se o mesmo: seguramente não vão ser adequados ao novo layout, e será necessário remover o teto para proceder à passagem de cablagens e tubagens diversas.
Concluindo, é (quase) sempre contraproducente tentar recuparar elementos existentes, seja por razões funcionais ou até económicas.
Máquinas exteriores de ar condicionado
Um dos problemas recorrentes nos locais onde se vão instalar clínicas é a colocação das máquinas exteriores de ar condicionado.
Há edifícios onde o regulamento do condomínio proíbe simplesmente a sua colocação à vista na fachada, sem prever uma alternativa tecnicamente viável.
As soluções passam pela instalação das máquinas no interior, ocupando parte das montras com grelhas, ou pela utilização de sistemas mais complexos e inevitavelmente mais caros.
Assim, ao selecionar um espaço para instalar uma clínica deve procurar saber se o prédio permite soluções para a instalação das máquinas de ar condicionado no exterior.
E, de preferência, que permita uma fácil manutenção, evitando situações como a da foto…
Máquinas exteriores de ar condicionado
A ventilação natural de um compartimento é assegurada por vãos que se possam abrir e com isso garantir a necessária renovação do ar.
Nas clínicas atuais, com a climatização em pleno funcionamento, é pouco conveniente abrir janelas ou outros vãos para ventilar. Assim, mesmo nos compartimentos com vãos de abrir, é sempre uma boa opção garantir uma adequada ventilação mecânica.
Ventilação (I)
Ventilação (II)
A ventilação mecânica (ou ventilação forçada) é o sistema que, através de condutas e com ajuda de um motor, assegura a renovação de ar dos compartimentos de uma clínica.
No quadro legislativo atual, todos os compatimentos têm que ter assegurada a renovação de ar, e a ventilação mecânica é o sistema que garante essa condição.
De salientar ainda que o sistema de ventilação de sanitários deve ser separado do sistema de ventilação dos restantes compartimentos.
Ventilação (III)
Referimos anteriormente que a ventilação mecânica (ou forçada) é o sistema que assegura a renovação de ar dos compartimentos, particularmente os que não dispõem de ventilação natural. A ventilação mecânica pode ser assegurada no limite apenas com a extração do ar (complementada com grelhas nas portas ou outros meios de entrada de ar novo). Mas o sistema ideal inclui também uma rede de insuflação de ar, compensando deste modo o ar que é retirado, e proporcionando uma renovação de ar mais eficiente, tão necessário em locais com produção constante de odores e elementos de saturação de ar, como é por exemplo um consultório dentário.






Dicas e sugestões
sobre clínicas médicas e dentárias, baseadas em anos a projectar e construir clínicas.
Incidem num leque bastante abrangente de temas, resultantes da experiência e observação atenta. E também de muitas conversas com profissionais de saúde e com representantes de diversas entidades de tutela e fiscalização.
Algumas dicas poderão parecer algo óbvias, mas por vezes é preciso relembrar certos requisitos que tendem, com o tempo, a ser esquecidos.
Poderão visualizar nesta página a totalidade da dicas e sugestões postadas até à data.
Esperamos que lhes possam ser úteis.